29/07/2008

"Nada mais peço ou sonho a não ser que Deus semeie no meu coração as aspirações do Espírito Santo" - Pe. Gilberto

"Não há Deus, além de Vós..." refere o autor do Livro da Sabedoria com uma certeza clara, convicta e evidente acerca da existência do Deus único e verdadeiro. Contudo, o que também parece seduzir o autor sagrado é a forma como Deus cuida do Homem e de todas as coisas que constituem o mundo.
Acha maravilhosa e admirável o modo como Ele trata, lida e se relaciona connosco. De facto, quando Deus criou o mundo preocupou-se ao "milímetro" para que na organização do universo nada falhe e dê tudo certo. Ele (Deus) é o PAI atento que tem um amor imenso e inesgotável (como um poço sem fundo) que exprime, segundo a 1ª leitura, pelo princípio da Justiça, da indulgência, da bondade, da esperança feliz, do perdão e não usa a sua força para se vingar ou oprimir o Homem.
No entanto, este carinho e ternura de Deus não é um amor somente cheio de boas intenções ou por obrigação: Deus ama porque quer e de livre vontade - é um amor que lhe sai do coração. Deus não ama para dar "nas vistas", nem tem necessidade de apregoar nas praças públicas o bem que faz ao Homem. O seu amor traduz-se em gestos concretos e proveitos para connosco, e o maior de todos foi entregar o Seu próprio Filho para nos salvar.

Todo o Homem, à semelhança de Deus, é chamado a ter essa relação de amor, cuidado, indulgência e preocupação pelo seu próximo. Mas, vemos como o Homem ama de uma forma diferente de Deus: umas vezes por interesse, conveniência e circunstâncias; outras vezes, é um amor por obrigação, ou rancoroso porque perdoamos mas ficamos sempre com ressentimentos.
Este modo de amar não é o de Jesus: é um amor que se pode caracterizar como passageiro e que presta culto ao egoísmo. Jesus não sabe amar assim porque ama sem limites, sem condições e dá a Sua vida por nós até à última gota de sangue. Amemos sem fazermos como os fariseus que faziam o bem para serem louvados pelas pessoas!


É amando com os sentimentos de Cristo que o Arciprestado de Celorico da Beira tem expressado o seu amor pelos sacerdotes que aqui se têm formado. Não é necessário enumerar acções concretas para comprovar o vosso amor ao sacerdócio, pois no meu caso pessoal senti na 1ª pessoa ao longo destes dois anos o vosso imenso carinho, ternura, afeição e acolhimento. Manifestastes um Amor sem fingimento, porque brotou do íntimo do vosso coração. Esse é o amor mais proveitoso porque é fruto do crescimento, da aprendizagem e da caminhada que fiz convosco e que me abriu horizontes para a vida. Hoje faço aqui uma prece de louvor ao Senhor por poder caminhar convosco desde o dia 21 de Setembro de 2006 e presto-vos a minha sincera homenagem e gratidão!


No Evangelho, Jesus confronta-nos com mais uma das suas sábias parábolas: o trigo e o joio. Determinado homem semeia semente boa no seu campo, no entanto de noite e por traição um inimigo semeia joio no meio do trigo.
O joio é uma erva daninha e bravia que nada interessa nas culturas. É, por isso, sinónimo da falta de amor a Deus e aos irmãos e da consequente presença do mal no mundo. A prova da existência do mal e do maligno é personificada nos ódios, guerras, invejas, egoísmo, soberba... Infelizmente podemos dizer que também existe joio dentro da Igreja quando esta não é fiel a Jesus Cristo e se deixa levar por jogos, interesses e uma fé rudimentar que nada tem a ver com o Evangelho.
A missão de todo o cristão, sobretudo do sacerdote, é arrancar o joio que sufoca a humanidade. No entanto, esta missão contra o mal não se pode fazer de qualquer forma: tem de ter ponderação, não pode resultar de uma acção irreflectida - "deixai-os crescer ambos até à ceifa".
Mais importante que condenar e humilhar as pessoas é procurá-las e consciencializá-las de que todos nós somos pecadores. Depois é fazer como Jesus: exortá-las ao arrependimento e pelo Sacramento da Reconciliação fazê-las sentir o perdão generoso de Deus e como é bom estar em comunhão com Ele.

Termino esta reflexão com questões que se colocam no início de uma nova missão: que pedir para a minha vida sacerdotal? Que projectos futuros? Nada mais peço ou sonho a não ser que Deus semeie no meu coração as "aspirações do Espírito Santo".
Só Ele me poderá ajudar a levantar das minhas fraquezas, a dar força para concretizar a missão pois o Espírito é o guia e a alma da Igreja.
Com o Espírito Santo sei que posso ser um fiel administrador das suas graças e ter uma acção serena, mas profunda e que tenha somente a marca de Deus.
Com o Espírito Santo quero ser um profeta que não só fala com Deus, mas também o ouve e escuta: "Quem tem ouvidos, oiça". Assim, saberei discernir o que sacerdote Deus quer que eu seja e por toda a minha existência me leve a proclamar como S. Paulo: "Para mim, viver é Cristo"!

26/07/2008

O papel dos avós hoje

O papel dos avós na família vai muito além dos mimos dados aos netos, e muitas vezes eles são o suporte afectivo e financeiro de pais e filhos. Por isso, se diz que os avós são pais duas vezes.

As avós são também as chamada "segundas mães", e os avôs, os "segundos pais", e muitas vezes estão ao lado e até à frente na educação dos seus netos, com a sua sabedoria, experiência e com a certeza de um sentimento maravilhoso de estarem a viver os frutos de seu fruto, ou seja, a continuidade das gerações.

Celebrar o Dia dos Avós significa celebrar a experiência de vida, reconhecer o valor da sabedoria adquirida, não apenas nos livros, nem nas escolas, mas no convívio com as pessoas e com a própria natureza.

17/07/2008

Manuel Fernandes: um estudante de Celorico da Beira que chegou a Santo

Inácio de Azevedo era natural do Porto, Portugal, nascido por volta de 1526, de família importante e influente. Aos 22 anos entrou para a ordem dos Jesuítas. Foi vice-provincial de Portugal e reitor do Colégio de Braga.

A grande paixão de Inácio eram as missões! Pela seu caráter empreendedor, activo e enérgico, São Francisco de Borja, o superior de toda a Ordem, nomeou-o Visitador do Brasil. Chegou à Bahia em 24 de agosto de 1566, juntamente com outros jesuítas. A incumbência revestiu-se de grande dinamismo e oportunas medidas de governo. Partiu para Portugal em 24 de agosto de 1568, para conseguir reforços para o Brasil. Reuniu uma expedição de 73 religiosos, e zarparam nas três naus da frota do Governador do Brasil.
A nau em que viajavam Inácio e um dos grupos foram atacados por protestantes calvinistas que quiseram poupar os sobreviventes da luta mas gritaram contra os jesuítas: “Mata, mata, porque vão semear doutrina falsa no Brasil”. Inácio foi ao encontro deles, com uma imagem de Nossa Senhora nas mãos, dizendo a alta voz: “Todos sejam minhas testemunhas como morro pela Fé católica e pela Santa Igreja Romana”. Já ferido mortalmente, dizia aos seus companheiros: “Não choreis, filhos. Não chegaremos ao Brasil, mas fundaremos, hoje, um colégio no céu”.
Beato Manuel Fernandes, irmão e estudante.
Nascido em Celorico, Portugal. Deitado vivo ao mar
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14/07/2008

São Paulo, o Apóstolo dos gentios


Apóstolo nascido em Tarso, cidade principal da Cilícia, conhecido como o grande apóstolo dos gentios. Descendia de uma família hebreus da tribo de Benjamin, que tinham obtido a cidadania romana, de grandes posses e prestígio político. Os seus pais, sendo como eram, fiéis à lei mosaica, mandaram-no logo para Jerusalém para ser educado lá.

Fariseu fervoroso, recebeu na circuncisão o nome de Saulo e teve como preceptor um dos mais sábios e notáveis rabinos daquele tempo, o grande Gamaliel, neto do ainda mais famoso Hilel, de quem recebeu as lições sobre os ensinos do Antigo Testamento. Foi este Gamaliel, cujo discurso está nos Atos dos Apóstolos 5. 34-39, que aconselhou o Sinédrio a não atentar contra a vida dos apóstolos.

Ele possuía alguma coisa estranha ao espírito farisaico, a qual se avizinhava da cultura grega. No seu discurso demonstrava um espírito tolerante e conciliador, característico da seita dos fariseus. Celebrizou-se pelos seus vastos conhecimentos rabínicos. Aprendeu o ofício de fazedor de tendas, as quais usava nas viagens. Recebeu uma educação subordinada às tradições e às doutrinas da fé hebraica e, embora fosse filho de um fariseu, At 23, tornou-se um cidadão romano.

Pelos suas palavras, na epístola aos filipenses 3. 4-7, aparentemente ocupava uma posição de grande influência que lhe dava margem para conseguir lucros e grandes honras. Tornou-se membro do concílio, At 26. 10, e logo depois recebeu uma comissão do sumo sacerdote para perseguir os cristãos, 9. 1, 2; 22. 5. Apareceu no cenário da história cristã, como presidente da execução do diácono Estêvão (1)o protomártir do Cristianismo, a cujos pés as testemunhas depuseram as suas vestes At 7. 58.

Na Bíblia aparece então no 7º capítulo do livro Atos dos Apóstolos, a guardar as vestes do diácono, que foi apedrejado, concordando, portanto, com a condenação. Depois disso, iniciou uma forte perseguição aos cristãos. Na sua posição odiava a nova seita, não só desprezando o crucificado Messias, como considerava os seus discípulos um elemento perigoso, tanto para a religião como para o Estado.

Este seu ódio mortal contra os discípulos de Jesus durou até ao momento da sua conversão, que aparece no 9º capítulo. Foi no caminho de Damasco que se deu a sua repentina conversão (30). Ele e seus companheiros viajavam pelos desertos da Galiléia e quando, ao meio-dia, o sol ardente estava no seu zênite, At 26. 13, repentinamente uma luz vinda do céu, mais brilhante que a luz do sol caiu sobre eles, derrubando-os. Todos se ergueram, mas ele continuou prostrado por terra. Ouviu-se então uma voz que dizia em língua hebraica: "Saulo, Saulo, porque me persegues? (2)". Respondeu ele então: "Quem és tu Senhor?" E veio a resposta: "Eu sou Jesus a quem tu persegues. Levanta-te e vai à cidade e aí se te dirá o que te convém fazer". Os companheiros que o seguiam ouviam a voz sem nada ver, nem entender. Ofuscado pelo intenso clarão da luz, foi conduzido pela mão dos companheiros. Entrou em Damasco e hospedou-se na casa de Judas, onde permaneceu três dias sem ver, sem comer e nem beber, orando e meditando sobre a revelação divina. Guiado pelo Senhor, o judeu convertido Ananias, foi visitá-lo e ao encontrar-se com o grande perseguidor, recebeu a confissão da sua nova fé. Certo de sua conversão Ananias impôs-lhe as mãos, fê-lo recobrar a visão e baptizou-o. Baptizado, foi para o deserto da Arábia, onde orou e fez penitência por três anos.

A partir de então, com a juventude e a energia que o caracterizava, e para grande espanto dos judeus, começou a pregar nas sinagogas que Jesus era o Cristo, Filho de Deus vivo, 9 10-22. Regressou à Jerusalém, e apesar da desconfiança dos que não acreditavam na sua repentina conversão e instalou-se em Antióquia, na Síria, de onde fez três grandes viagens missionárias, ao longo de 25 anos. Pregou na Ásia Menor, Grécia e Jerusalém, até ser preso em Cesaréia (61). Levado para Roma, permaneceu dois anos sob custódia militar, gozando de relativa liberdade, suficiente para receber os cristãos e converter os pagãos. Durante esse período escreveu as cartas aos Filipenses, aos Colossenses, aos Efésios e a Filêmon.

Declarado inocente (63) passou pela Espanha, visitou as suas comunidades no Oriente, onde foi preso e novamente levado para Roma (67) sob a acusação de seguir uma religião ilegal. São desse último período as duas cartas a Timóteo e a carta a Tito. Por ordem de Nero desta vez não teve perdão e foi condenado à morte, mas por ser um cidadão romano não deve ter sido crucificado mas, sim, decapitado.