31/03/2009

Confissão individual ou comunitária?




O Código de Direito Canónico estabelece: "A confissão individual e integra e a absolvição constituem o único modo ordinário... somente a impossibilidade fisica ou moral o escusa desta forma de confissão" (c. 960).
Quanto à chamada "absolvição geral", o cânon 961 do Código de Direito canónico prescreve: "A absolvição simultanea a vários penitentes sem confissão individual prévia não pode dar-se de modo geral, a não ser que:
- 1º esteja iminente o perigo de morte...
- 2º haja necesidade grave...
E acrescenta que compete a Bispo Diocesano, de acordo com os critérios fixados pela Conferência Episcopal, "ajuizar acerca da existência das condições requeridas no § 1, nº 2".

30/03/2009

SENHOR, quero ver Jesus

Faz, Senhor,
que reconheça
o teu rosto no rosto dos mais pobres.
Dá-me olhos para ver os caminhos
da justiça e da solidariedade;
dá-me ouvidos para escutar
os pedidos de salvação e de saúde;
enriquece o meu coração
de fidelidade generosa
para que me faça
companheiro de caminhada
e testemunha verdadeira
e sincera da glória, que
resplandece no crucificado,
ressuscitado e vitorioso.

"Queríamos ver Jesus"

Alguns gregos, que eram crentes no Deus de Israel e se encontravam em Jerusalém para participar na festa da Páscoa, sabendo que Jesus tb se encontrava lá, manifestam o desejo de O ver. Sentiam curiosidade e interesse de O conhecerem pessoalmente. Como não se sentiam muito à vontade para se chegarem junto de Jesus, solicitam a mediação de Filipe (um discípulo que eles conheciam, pois não querem perder aquela oportunidade).

“Queríamos ver Jesus, dizem eles”. E eu pergunto:
  • O que é que eles mesmo querem e esperam de Jesus? Quererão mesmo conhecer Jesus, quem Ele é, qual a sua missão, que mensagem tem para comunicar aos homens?
  • Ou apenas o querem ver, testemunhar alguma obra extraordinária, escutar alguma parábola encantadora?
  • Procuram Jesus, porque suspeitam que Ele tem algo de especial para comunicar aos homens, também a eles, apesar de serem gregos? Ou apenas para puderem dizer, no regresso às suas terras, que O tinham visto e estado com Ele?

O evangelho não responde a estas perguntas, mas as perguntas valem para nos fazer pensar a nós!

Jesus é informado da presença dos gregos e do seu interesse em encontrarem-se com Ele. Porém, Jesus parece não lhes dar muita atenção. Começa, de imediato, a falar do mistério da sua paixão e morte. À primeira vista, não parece ser o tema mais adequado para atrair e cativar os seus novos ouvintes. Pareceria mais razoável que lhes dirigisse umas palavras afáveis ou realizasse alguma obra vistosa. Mas não.
Jesus, consciente de que não pode perder tempo com banalidades nem usar o seu poder divino para divertir os homens, centra-se na sua morte (Esta faz parte integrante da sua missão e é particularmente vantajosa para o homem, pois gerará uma nova vida e uma vida em abundância para toda a humanidade).
Para se fazer entender mais facilmente, Jesus usa a imagem da semente. Uma vez lançada à terra, esta só produz fruto, se morrer. A natureza ensina que a morte é necessária para que a vida continue (para que surja uma nova vida, para que a semente sobreviva numa nova planta e se multiplique em muitos frutos).
A morte não aparece como oposição ou negação da vida, mas como algo necessário ao serviço de uma vida superior.

Jesus morre para vencer o pecado e a morte do homem, para que o homem não morra para sempre, mas, antes, tenha nele a vida eterna.
Jesus morre para não ficar sozinho, como a semente que não morre. Morre para que, uma vez “elevado da terra”, possa atrair muitos a si (para que muitos possam encontrar nele a salvação de Deus).

Jesus sabia que aqueles gregos nunca mais iriam estar com Ele. Por isso mesmo, e para que não dessem por perdido aquele encontro, falou-lhes da sua morte como caminho para a vida eterna dos homens. (Isto é o que melhor revela Jesus, o que justifica e compensa que as pessoas O procurem, O conheçam, acreditem nele e O sigam). Afinal, Jesus prestou uma especial atenção aos gregos, correspondendo, da melhor maneira, à sua curiosidade!

Em Jesus, que morre voluntariamente na cruz, Deus realiza a nova aliança, prometida e anunciada por meio do profeta Jeremias.
Jesus, derramando o seu sangue por amor, redime o ho-mem, purifica o seu coração, torna-o capaz de viver a nova lei do amor. Por meio de Jesus, Deus imprime a sua lei no íntimo da nossa alma e grava-a no nosso coração, e nós aprendemos a conhecê-lo.
Na última Ceia, ao instituir o sacramento da Eucaristia, Jesus confirma que a nova aliança de Deus (a qual abrange toda a humanidade e não só o povo de Israel) é estabelecida no seu sangue. “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós” (Lc).

“Queríamos ver Jesus”.
Nós, os que aqui nos encontramos reunidos em seu nome, queremos, realmente, ver e conhecer Jesus? Queremos conhecer quem é e qual é a sua missão?

Não será que queremos conhecer apenas o Jesus:

  • do presépio, dos pastores de Belém e dos Magos do oriente;
  • que sacia as multidões, que cura os doentes e expulsa os demónios;
  • das parábolas encantadoras e o amigo das crianças;
  • que caminha sobre a água e acalma as tempestades;
  • que toma refeições em casa das pessoas e convive com elas?

Ou será que queremos, efectivamente, conhecer tb o Jesus que:

  • anuncia o reino de Deus e exorta os homens ao arrependimento e à conversão;
  • pede que renunciemos a nós mesmos e tomemos a nossa cruz de cada dia;
  • exige que amemos os nossos inimigos e perdoemos sempre a quem nos ofende;
  • nos diz que a grandeza do homem está no servir e dar a vida;
  • da paixão e da morte, da ressurreição e da vida eterna?

Queremos ver e conhecer Jesus, para acreditar nele, entrar na sua intimidade, O acolher na nossa vida, e segui-lo todos os dias? Temos consciência de que só Ele nos pode ajudar a entender a nossa vida e a vencer a nossa morte?
Se o nosso querer é sincero, então aproximemo-nos dele e escutemo-lo na Palavra do Evangelho; procuremo-lo e acolhamo-lo nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia dominical (comunhão); dialoguemos com Ele na oração; vamos ao seu encontro e amemo-lo nos irmãos necessitados.

Queres ver Jesus para aprenderes com Ele a morrer? É o que Jesus tem de mais importante para te ensinar – e só Ele te pode ensinar - e o que tu tens mais necessidade de aprender.
É necessário saber morrer, perder a vida, gastá-la ao serviço dos irmãos. A morte que gera vida e produz frutos de vida eterna é a vida que se morre, amando os outros. A morte que salva, a morte que dá sentido à vida, é a da vida que se gasta ao serviço dos irmãos.
Quem não sabe morrer assim, quem vive só para si mesmo, esse fica só, a sua vida é inútil, não aproveita a ninguém. Morrer por amor em cada dia ajuda-nos a entender e a aceitar melhor a outra morte.
Mais, ajuda-nos a viver em paz e a ser felizes.

24/03/2009

“Para que todo o homem que acredita tenha nele a vida eterna”

Desde o início da sua vida pública, Jesus manifesta ter clara consciência de que a sua missão consiste em vencer o pecado e a morte, a fim de garantir ao homem a ressurreição e a vida eterna. A sua vinda ao mundo homens não tem outra motivação nem outro objectivo. Jesus, ao longo de todo o seu ministério, tem sempre nos seus horizontes o mistério da sua morte e ressurreição.
Desde logo, vencendo as tentações do diabo, Jesus aponta para a vitória definitiva sobre o pecado, que Ele alcançará na cruz. Depois, transfigurando-se no Monte Tabor, Jesus revela antecipadamente a sua ressurreição e que esta constituirá a vitória definitiva sobre a morte.
Por sua vez, no contexto da expulsão dos vendilhões do templo de Jerusalém e para provar que tem autoridade para agir deste modo, Jesus dá este sinal aos judeus: “Destruí este templo e em três dias o levantarei”. Jesus está a pensar no templo do seu corpo que os judeus destruirão, dando-lhe a morte, e que Ele levantará, ressuscitando ao terceiro dia. A morte e a ressurreição de Jesus, para além de garantirem a ressurreição dos mortos, marcam o início de um novo culto, um culto sem aproveitamentos humanos, um culto sem comércio nem negócios, um culto sem sacrifícios nem holocaustos. Antes, um culto em que o homem se relaciona com Deus na base da verdade e do amor.
No diálogo com Nicodemos, partindo do episódio e usando a imagem da serpente de bronze, Jesus fala da sua morte na cruz como algo de absolutamente necessário para que o homem alcance a vida eterna. “Também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha nele a vida eterna”. Jesus enquadra o mistério (o escândalo e a loucura da cruz) no âmbito do amor de Deus pelos homens. “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita nele não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Só a loucura do amor de Deus – loucura de um Deus que não consegue imaginar-se a viver sem o homem - permite compreender a loucura da cruz de Cristo. E só quem acredita na loucura deste amor - amor exclusivamente ao serviço do homem – terá a vida eterna.
Jesus aceita ser elevado na cruz, dar esta prova extrema de amor, pagar um preço tão elevado, para que o homem possa viver eternamente com Deus!

A morte e a ressurreição de Jesus, enquanto garantem a ressurreição e vida eterna do homem, constituem o fundamento e a razão última da nossa fé vida cristã. Na verdade, acreditamos e compensa acreditar em Deus porque Ele, por meio de Jesus, dá uma resposta, plenamente esclarecedora e convincente, às questões fundamentais da nossa vida, entre as quais sobressai a que se refere ao mistério da morte. Sim, Deus convence-nos a acreditar nele e a segui-lo, porque, em Jesus Cristo, garante-nos o que nós mais desejamos e ninguém mais nos pode dar: a vida eterna.
Mas estão os homens interessados em conhecer este Deus ou dispostos a acreditar nele? São sensíveis às evidências de Deus no mundo criado ou estão preparados para captar a presença e a acção de Deus na história da humanidade? Estão os homens suficientemente despertos, existencial e espiritualmente, para sonharem e acolherem o mais além de Deus?

Alguns homens – hoje menos do que num passado recente – negam a existência de Deus (os ateus). Defendem que o mundo é obra do acaso e o homem é apenas o produto mais evoluído da matéria. Como conseguirão eles entender que o “Senhor Acaso” tenha dado origem a um mundo tão extraordinariamente admirável na sua grandeza, ordem e beleza? E como conseguirão convencer-se de que o homem – um ser que pensa e é consciente da sua existência, um ser livre e capaz de gerir o próprio mundo, um ser que ama e, por isso mesmo, capaz de múltiplas relações pessoais, um ser que sonha e, por conseguinte, capaz de se projectar para além de si mesmo – é apenas o produto final do processo evolutivo da matéria?
O homem não consegue entender o mundo e entender-se a si mesmo sem Deus. E quem pensa o contrário, não pensa, porque, se pensasse seriamente, não pensaria assim. O mundo e o homem sem Deus, seria como que um extraordinário Euromilhões sem apostadores, ou seja, um absurdo. Sem apostadores, nem seria possível calhar a alguém nem sequer haveria “milhões” para dar!
Muitos homens, embora não ponham em causa a existência de Deus, consideram e defendem que Deus não pode ser conhecido nem o homem pode estabelecer com Ele uma relação pessoal (os agnósticos).
Então, o artista não se dá a conhecer e não comunica através da sua obra? E Deus, o mais genial de todos os artistas, não se manifesta e comunica com os homens na obra da criação, além de o fazer também, de um modo pessoal, por meio de seu Filho Jesus Cristo?
Dizem que é impossível,
porque lhes é mais cómodo não ter que contar com Deus
nem ter que lhe prestar contas das suas vidas.
Dizem, mas não podem estar convencidos do que dizem!
A maior parte dos homens – os filhos da sociedade de consumo – têm como seu deus o bem-estar material e o gozar a vida. Completamente alienados da sua própria vida, surdos às suas vozes interiores e sem preocupações existenciais, vivem indiferentes a Deus e esquecem a sua dimensão espiritual. Estes gastam a sua vida, passando ao lado dela; gozam a vida, mas sem jamais se sentirem verdadeiramente felizes!
  • Tu, que te encontras aqui a celebrar o sacramento da morte e ressurreição de Cristo, acreditas realmente na vida eterna?
  • Quando “rezas” o credo, limitas-te a repetir as palavras ou sentes realmente o que dizes: “espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir”?
  • E tens consciência que Jesus é o único Caminho que te pode conduzir a esse mundo de Deus?
  • Estás disposto a seguir Cristo, assumindo o seu Evangelho como programa da tua vida, para alcançares essa vida de Deus?

Seguir Jesus implica abraçar, como Ele, a cruz do amor, porque só esta salva o homem.

  • O amor é cruz, porque exige que renuncies a ti mesmo e venças o teu egoísmo, a fim de viveres para os outros e os servires.
  • O amor é cruz, porque exige verdade e justiça, compreensão e tolerância, compaixão e perdão, partilha e doação da própria vida, e ainda lutar e saber perder em favor do teu semelhante.
  • A tua fé na vida eterna ilumina o presente da tua vida? Inspira os teus sonhos e os teus projectos de futuro? Motiva os teus compromissos pessoais, familiares e sociais? Anima a tua esperança e alarga os teus horizontes?
  • Acreditas na vida eterna ao ponto de apostares nela toda a tua vida? Procura, pois, ser coerente. Não sejas como aquele que não joga e, no entanto, espera que lhe saia a sorte grande! Se, efectivamente, desejas chegar à meta e receber o prémio, percorre o caminho que te leva até lá.

04/03/2009

O Rapaz do pijama às riscas

Não ganhou nenhum Óscar... não houve nem há muita publicidade...
Porém, é um dos filmes imperdiveis deste ano. É uma verdadeira "história de inocência num mundo de ignorância".

A ignorância e a maldade fizeram com que se cometessem neste mundo muitas atrocidades inegáveis e que nem o tempo nem a vontade apagarão. Por isso mesmo, faz-nos bem recordar estes acontecimentos para procurarmos uma vida diferente e a força para evitarmos no futuro os mesmos problemas e erros irreparáveis.

Não deixem de ler o livro ou ver o filme!!!
Não tenham medo das lágrimas que irão verter...