25/01/2010

Pe. Christian Hiem irá apresentar a Fazenda da Esperança aos sacerdotes da Diocese da Guarda

Aos Reverendos Padres e Diáconos

Estimados amigos:

Os meus cumprimentos.

Para nos ajudar na recolecção do início da Quaresma – dias 22 (Seminário do Fundão) e 23 (Seminário da Guarda) virá o sacerdote alemão de cultura brasileira, Padre Christian Heim, responsável pela Comunidade “Fazenda da Esperança”, que , em colaboração com o Pároco de Maçal do Chão (Celorico da Beira), está a promover a criação de uma “Fazenda da Esperança” naquela Paróquia da nossa Diocese.
Muito agradeço, desde já, que estes dias fiquem cativos para estas duas finalidades.

Guarda, 19 de Janeiro de 2010
+Manuel R. Felício, B. da Guarda

23/01/2010

São Paulo fala da unidade e a comunhão que devem existir entre todos os cristãos

Através da imagem do corpo humano, São Paulo fala aos Corintios da unidade e da comunhão que devem existir entre todos os cristãos. Esta mensagem é bem oportuna e actual para nós, que concluimos hoje a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
O Apóstolo lembra que o corpo é um só, mas é constituido por muitos membros. Trata-se de membros diferentes, cada um precisa dos outros para poder subsistir e todos eles são importantes e necessários para o funcionamento harmoioso do corpo.
Ora, "todos nós... somos baptizados num só Espírito para constituirmos um só corpo". Na verdade, Deus enviou o seu Filho ao mundo para fazer de todos os homens e de todos os povos um só povo, uma única família - a família de Deus. Uma família em que todos somos igualmente filhos de Deus e, consequentemente, irmãos uns dos outros. Nesta família, aceitar e viver a filiação divina implica necessariamente aceitar e viver a fraternidade humana. E se Deus aceita e ama como filhos todos os que acreditam n’Ele, sem olhar à sua origem, ao povo a que pertencem, à sua cultura ou condição social, tambem nós, se nos sentimos como filhos de Deus, temos de os aceitar com irmãos, apesar de serem diferentes de nós.
  • É importante descobrir as vantagens das diferenças. Que seria do corpo se todo ele fosse olho ou boca?
  • Depois, é preciso saber respeitar as diferenças. Não há nenhuma vantagem em fazer dos outros uma fotocópia de nós próprios!
  • Finalmente, é necessário aprender a viver e a trabalhar com todos em vista do bem comum e na fidelidade a Cristo. De mãos dadas e com os corações unidos conseguimos fazer melhor e chegar mais longe! ´

Para vivermos a comunhão fraterna, importa ter consciência daquilo que nos une:

  • todos somos igualmente amados por Deus e acreditamos n’Ele como Deus Pai;
  • todos fomos igualmente salvos por Cristo e acreditamos n'Ele como o único salvador dos homens;
  • todos fomos baptizados no mesmo Espírito e acreditamos n'Ele coma Aquele que nos santifica e nos conduz até a verdade plena.

2. Como explicar que ainda subsistam tantas e tão profundas divisões entre os cristãos? Apresentamos apenas algumas razões:

a)As classes dirigentes das diferentes confissões cristãs estão ainda demasiado agarradas as estruturas de poder, aos privilégios e às seguranças humanas que elas lhes proporcionam. Muitas vezes, estão mais empenhados em defender certas doutrinas e tradições humanas do que em procurar o que é realmente essencial na mensagem de Jesus e que todos devem aceitar, acreditar e viver.

b) O grande inimigo da unidade é a ignorância. Muitos cristãos não conhecem Cristo com verdade nem conhecem com verdade o que é fundamental e imutável da sua mensagem. Também desconhecem a verdade em relação aos irmãos separados. Este facto gera preconceitos e desconfiança entre os cristãos que, por sua vez, alimentam a desunião entre eles.

c) A própria divisão que existe entre os fiéis de cada confissão cristã. Aqui, o escândalo é ainda maior. Se nós próprios, os católicos, não somos capazes de viver em comunhão, respeitando as diferenças de cada um, como poderemos construir os laços de comunhão com aqueles que estão mais longe de nós na vivencia da fé (os protestantes, os ortodoxos, os anglicanos...)?

O caminho para unidade. É evidente que o caminho só pode ser Cristo, pois só Ele é "o caminho, a verdade e a vida" dos homens que procuram a salvação de Deus. Assim:

a) Todos os cristãos, a começar por aqueles que tem mais responsabilidades nas respectivas confissões cristãs, devem olhar para Cristo e escutar atentamente a sua palavra. Todos devem estar dispostos a renunciar às suas verdades que se opõem à verdade do Evangelho. Nenhuma das partes se deve considerar coma dona exclusiva da verdade nem manipular a verdade em defesa dos seus interesses e das suas doutrinas humanas. A verdade de Cristo também não se negoceia nem pode ir a votos. Importa procurar, compreender, aceitar e viver a Verdade de Cristo, com tudo o que isso implica de renuncia, de conversão e de mudanças na nossa vida.

b) Para chegar a verdade do Evangelho, podemos contar com a ajuda preciosa e indispensavel do Espírito Santo. Como o próprio Jesus revelou, o Espírito tem como missão ajudar-nos a compreender tudo o que Ele disse e fez . Só o Espírito Santo nos pode conduzir até à verdade total. Foi o Espírito Santo que, no dia do Pentecostes, congregou os homens das mais diversas prove-niências e línguas em torno dos Apóstolos e os levou à fé em JC.

c) A unidade dos cristãos é uma graça que devemos suplicar a Deus. Jesus, ainda na terra, pede insistentemente ao Pai pela uni-dade dos seus discipulos e por todos aqueles que, ao longo da história, hão-de acreditar no seu nome. A unidade dos cristãos é para Jesus a prova visível de que os homens precisam para acreditarem n’Ele como o enviado do Pai.

A oração do Pai Nosso que Jesus nos ensinou é, sem duvida alguma, a oração, por excelência, da unidade.
- Invocar Deus como nosso Pai implica aceitar como irmãos todos os homens que Ele ama como filhos. Caso contrário, seria uma mentira rezar esta oração.
- Ao rezarmos "venha a nós o vosso Reino", estamos a pedir que o reino de Deus se torne realidade na vida de todos os homens. Esta universalidade e fundamental para chegarmos à unidade da fé e da caridade.
- Ao pedirmos "perdoai as nossas ofensas como nós perdoarnos", estamos a reconhecer a necessidade do perdão. E o perdão é também um dos melhores segredos da unidade e da comunhão entre os cristãos.
Não basta rezar o Pai Nosso, é necessário sentir e viver o que rezamos. Só assim, a oração a Deus aproximará os homens uns dos outros.SS


" Que todos sejam um e o mundo creia que Tu me enviaste".
O pedido que Jesus faz a Deus constitui um apelo para nós.
Deus sonha e quer fazer corn todos os homens uma família. Da nossa unidade depende que muitos outros acreditem em Cristo e, assim, venham a integrar a família de Deus.
Deus quer precisar de nós, do testemunho da nossa vida, para que o seu povo( = a sua família) cresça até abranger a humanidade inteira.

22/01/2010

O Padre deve saber hierarquizar as suas prioridades

Presidente da Junta de S. Pedro dá salário para instituições da freguesia

O presidente da Junta de S. Pedro, em Celorico da Beira, vai abdicar do seu salário mensal até final do mandato, distribuindo-o por instituições e aplicando-o em obras a realizar na freguesia.
José Rocha Gonçalves, 51 anos, comerciante, eleito pelo PS nas últimas autárquicas, disse à Lusa que os dois primeiros salários, no valor de 270 euros cada, foram entregues «às igrejas da Freguesia de S. Pedro e de Santa Maria».
«O próximo cheque, no mesmo valor, será para os bombeiros voluntários de Celorico da Beira, uma casa que está no meu coração», anunciou, referindo que já foi bombeiro «durante 18 anos» e que faz parte da fanfarra da corporação «há quase 20 anos».
Jornal O Interior

17/01/2010

"Ele os criou homem e mulher (macho e fêmea)"...

Jesus também foi convidado para o casamento. E, neste casamento, Jesus realiza o seu primeiro milagre, ou seja, manifesta pela primeira vez a sua glória, o seu poder divino. Este facto exprime bem a importância e a primazia do casamento aos olhos de Deus.
O casamento entre um homem e uma mulher e a família que com ele nasce correspondem a um projecto de Deus – o projecto que melhor garante a realização e a felicidade da pessoa humana bem como o futuro do mundo e da história.
Na primeira página da Bíblia, lemos: “Deus criou o ser humano à sua imagem; Ele os criou homem e mulher (macho e fêmea)”. Esta diferença que os atrai e complementa torna-os capazes de crescerem e se multiplicarem, encherem e dominarem a terra.
Num outro relato, também do livro do Génesis, é-nos dito que, pouco após ter criado o homem, Deus intuiu e desabafou: “Não é conveniente que o homem esteja só”. Sozinho, o homem sente-se inacabado, insatisfeito e infeliz. Para vencer a solidão do homem, para o homem se tornar completo, Deus cria e apresenta-lhe a mulher. E é tal o fascínio que a mulher exerce no homem que este se dispõe a deixar tudo, até o pai e mãe, para se unir a ela e com ela constituir uma comunidade de amor e de vida!

O casamento e a família são anteriores aos estados e às religiões. Em todas as sociedades e desde sempre, o casamento foi entendido como um projecto de vida comum assumido por um homem e uma mulher. De resto, a própria anatomia ou morfologia corporal apontam, de um modo inequívoco, nesse sentido.
Nos nossos tempos, alguns pretensos iluminados defendem o casamento homossexual em nome da liberdade e da igualdade. Esses iluminados parecem não saber ou gostariam que nós não soubéssemos que, antes de mais, há limites à verdadeira liberdade.
Quando me encontro numa encruzilhada de caminhos, eu sou livre de escolher aquele pelo qual quero seguir. Esta escolha, que constitui um exercício da minha liberdade, implica que eu aceite as características e os condicionalismos próprios desse caminho. Além disso, escolhendo aquele caminho, renuncio a seguir pelos outros, pois não posso pretender, em nome de uma mal entendida liberdade, seguir por todos ao mesmo tempo.
O mesmo vale em relação às opções de vida que fazemos ou decisões que tomamos. A liberdade que nos permite optar ou decidir neste ou naquele sentido leva-nos a renunciar às outras alternativas. Não se pode invocar a liberdade para reclamar uma coisa e, ao mesmo tempo, o seu contrário.
Por sua vez, a verdadeira igualdade só existe quando se respeitam e salvaguardam as diferenças. Não se pode falar de igualdade, quando se pretende tratar como igual aquilo que é realmente diferente. Caso contrário, nem se respeita a igualdade do que é igual nem a igualdade do que é diferente.
Assim, quem escolhe, no uso da sua liberdade, viver com uma pessoa do mesmo sexo, não pode pretender que a sua opção de vida seja considerada igual à daquele que escolhe viver com uma pessoa de sexo diferente. Ele pode reivindicar o direito a viver desse modo. E pode ter o direito a que seja respeitada a sua opção. O que ele não pode exigir é que a isso se chame casamento. Ao seguir por aquele caminho, que ele considera o melhor e o mais adequado para si, excluiu o outro caminho, o do casamento.
Insistir no casamento para os homossexuais, argumentando que se trata de um direito e de uma questão de igualdade, seria como alguém que inventa um novo pastel e querer registá-lo com o nome de um que já existe antes (por exemplo, pastel de Belém), argumentando que alguns dos seus ingredientes são os mesmos, mas esquecendo que outros elementos são manifestamente diferentes! O novo pastel pode até ser muito bom e ter muitos apreciadores. No entanto, deve ser registado com outro nome, em nome da liberdade, da igualdade e dos direitos dos outros! Algo de semelhante deve acontecer com as uniões homossexuais. Só assim se respeitará verdadeiramente, a liberdade, a igualdade e os direitos de todos – dos homossexuais e dos heterossexuais.

Quando se pretende contradizer a lógica do criador, quando se “atenta contra o fundamento biológico da diferença entre os sexos” (Bento XVI), todas as barbaridades são possíveis e, para aqueles a quem convêm, todas se afiguram como um direito e um sinal de modernidade. Trata-se, porém, de uma modernidade que afectará e comprometerá gravemente o futuro da sociedade.
Aqueles que mandam legislam contra o casamento e a família porque, muitos deles, não foram capazes de manter um casamento e uma família estáveis. Aprovando e facilitando o divórcio dão cobertura legal aos seus fracassos, para que passem a ser considerados como coisas normais e boas! Ou então legislam contra o casamento e a família para agradarem a certos grupos de pressão dos quais recebem, como contrapartida, votos e apoio político.
Nestes homens iluminados - mais arrogantes do que iluminados - a modernidade está bem casada com a falta de coerência e de honestidade!
Quem manda, se investisse mais no apoio à família e defendesse os valores que lhe são inerentes, não precisaria de investir tanto para tentar resolver os problemas sociais gerados pela crise da família (insucesso escolar, distúrbios psicológicos, toxicodependência, violência e criminalidade). Os senhores iluminados, se fosse tão iluminados como querem fazer crer, já teriam dado conta disso. Mas eles não querem dar-se conta, até porque lhes faltaria a humildade para o reconhecerem!

Jesus também foi convidado para o casamento.

  • Hoje, quem é que realmente convida e quer Jesus no seu casamento?
  • Mesmo aqueles que vão à Igreja no dia do seu casamento, quantos vão para se encontrarem efectivamente com Jesus e para o levarem de volta para as suas casas e para as suas vidas?
  • Mesmo entre os cristãos ditos praticantes, quantos estão dispostos a viver o seu casamento e a construir a sua família, seguindo o conselho de Maria: “Fazei tudo o que Ele vos disser?”
  • Quantos dão a Jesus a oportunidade de realizar milagres em suas casas, ou seja, de os iluminar com a sua palavra e os enriquecer com graças divinas?
  • Quem alimenta e fortalece o amor conjugal com o Vinho bom da Eucaristia?

Não esqueçamos: o nosso melhor bem é a família e esta é o melhor dom que temos para oferecer à sociedade! Ámen.

10/01/2010

Os Sacramentos do Baptismo e do Matrimónio no contexto da sociedade actual

Os cristãos sabem que são cidadãos de duas cidades: são membros da comunidade dos crentes, partilham e celebram com eles a mesma fé, procuram orientar a sua vida pelos mesmos critérios, e são simultaneamente membros da cidade dos homens, onde, com a força inspiradora da fé, se devem empenhar no progresso da sociedade no seu conjunto (A Igreja na sociedade democrática, Carta Pastoral da CEP, 2000, nº 2).

Em Portugal, quando estas duas cidades se colocam em confronto, o Estado, como representante da sociedade, reivindica o seu estatuto de laicidade para se demarcar da Igreja e dos princípios que a enformam. É o próprio Estado e a mentalidade generalizada nas sociedades democráticas, na linha do subjectivismo individualista que influenciou a cultura ocidental nos últimos séculos, que favorecem a “tendência de considerar a fé religiosa exclusivamente como um fenómeno da esfera da intimidade pessoal, pertencente à ordem privada, servindo isso de argumento para excluir qualquer influência da dimensão religiosa na vida pública e institucional da sociedade” (Ibidem, nº3).

Este dado acaba por ser aceite e defendido por muitos, tanto por aqueles que se afastaram da Igreja como por alguns que até se dizem “católicos cumpridores” mas, na esfera privada, como é evidente.


I
Problemas actuais



1. Ora, é precisamente perante este modo de pensar e de agir que não deixa de ser estranho que as celebrações da fé, nomeadamente do Baptismo e do Matrimónio, estejam cada vez mais a ser celebrações programadas e organizadas pela sociedade, através da variedade das suas instituições, e menos pela Igreja, mormente pelos responsáveis das paróquias que são as instituições da Igreja mais próximas das pessoas em cada comunidade e aquelas que, à face do direito canónico e das orientações pastorais, estão autorizadas a regulamentar tudo o que a estas celebrações se refere. Atente-se que estamos a falar de celebrações da fé, como são o Baptismo e o Matrimónio, e não das festas ou dos banquetes a que, normalmente, estão associados. Mesmo admitindo a complementaridade e a importância destes elementos para a festa, que a Igreja sempre reconheceu e promoveu, não se pode deixar de reflectir, no actual contexto, na ambiguidade que estas celebrações revestem e, sobretudo, no peso, na influência e no papel decisivo que se lhes atribui quando se trata de marcar os tempos de preparação, as datas e os lugares da celebração.

2. Acontece até que alguns jovens namorados pretendem casar-se e receber o sacramento do Matrimónio mas, à sua volta, cresce uma montanha de problemas criada pelo ambiente social e comercial em torno das cerimónias do casamento de tal forma que eles acabam por se juntar ou casar simplesmente pelo civil para evitar o aparato das celebrações na Igreja. E, por vezes, são pessoas crentes, que comungam em grande parte dos valores cristãos e pretendem depois baptizar os seus filhos. O resultado é que, só por ocasião do baptismo do primeiro filho ou dos filhos, eles decidem também casar pela Igreja, já sem a preocupação de fazerem uma grande festa.

Convém afirmar com clareza que a celebração do casamento não exige tantas coisas e, sobretudo, não implica os gastos económicos que as estatísticas habitualmente referem. A antecedência com que muitos noivos marcam o casamento tem a ver, quase exclusivamente, com a reserva do restaurante para a boda e muito pouco ou nada com a celebração do Matrimónio. O principal, que é a preparação dos noivos, a reflexão sobre o sacramento, a motivação pessoal e a própria celebração litúrgica, fica para segundo plano.

3. Os problemas colocam-se tanto para as celebrações do Baptismo como para as do Matrimónio mas, provavelmente, não serão exactamente os mesmos. É bom recordar que o sacramento do Baptismo já foi objecto de estudo várias vezes na nossa Arquidiocese e que, na sequência disso, se produziram diversas orientações pastorais. Já quanto ao Matrimónio, a reflexão pastoral tem sido mais limitada apesar de também ter conduzido, nos últimos anos, à implementação dos CPM’s em toda a Arquidiocese. No domínio da preparação dos sacramentos há, pois, um conjunto de orientações que têm dado alguns frutos, embora se reconheça que há ainda muito caminho a percorrer e que se trata de uma tarefa que nunca estará plenamente realizada. Tendo isto presente, as orientações pastorais a que se faz aqui referência têm mais a ver com a celebração do Matrimónio.

Aquilo que merece a nossa atenção, neste momento, são os aspectos económicos e sociais e a importância que revestem na celebração destes sacramentos. Os custos do casamento, o vestuário, os adornos das Igrejas, os grupos de animação, as reportagens filmadas e fotográficas, o lugar da celebração... tudo isto acaba por ter inevitáveis consequências na programação pastoral.

4. A história da celebração do sacramento do Matrimónio mostra que houve evoluções. O casamento começou por ser um assunto exclusivamente familiar, apesar das suas repercussões sociais e jurídicas; devido às transformações sociais, culturais e políticas ocorridas após a queda do Império Romano, a Igreja preocupou-se em assegurar à celebração uma publicidade que garantisse tanto a liberdade como a verdade do consentimento matrimonial; por esse motivo combateu os casamentos clandestinos e também por isso foi deslocando gradualmente o lugar da celebração das casas privadas para a frente da igreja: “in facie ecclesiae”, isto é, à frente da igreja (edifício) e à face da Igreja (comunidade presidida por um ministro ordenado). A partir do século XII passou a ser essa a situação normal.

Pode dizer-se que a disciplina do casamento passou de assunto privado e familiar a acontecimento público. A própria organização das sociedades modernas a isso obriga. A nível religioso acentuou-se o envolvimento da comunidade local na celebração do casamento dos seus membros.

O carácter público do casamento mantém-se e, a vários títulos, é notório. Mas, quando se trata da celebração religiosa, a participação da comunidade cristã local é muito reduzida. Praticamente, nenhum fiel participa na celebração se não for convidado. A comunidade cristã, na maioria dos casos, não é vista nem achada, quer para a preparação quer para a celebração... Depois, há hoje um alargado leque de possibilidades quanto ao horário e local da celebração, que fazem com que a comunidade paroquial nem se aperceba das celebrações. Parece que estamos a ignorar a história e a regredir no sentido de um refluxo no privado.

01/01/2010

"Felizes os construtores da paz, porque é deles o Reino dos Céus"

No início de mais um ano, somos, normalmente, pródigos nos votos de “Feliz Ano Novo”, de um novo ano com saúde e paz.
Também somos generosos nos sonhos para o nosso futuro!
É bom e simpático formular tais votos.
Faz-nos bem sonhar um mundo melhor!
Mas também devemos pensar no que podemos fazer para que os votos e os sonhos se tornem realidade.
- Que fizemos ao longo do ano que agora finda, que dê credibilidade e consistência aos nossos votos e aos nossos sonhos, e que nos permita acreditar que o novo ano poderá ser real-mente melhor?
- Que tempo e que atenção demos a Deus e à comunidade cristã, à família e aos vizinhos?
- Qual foi o grau de partilha da nossa vida e dos nossos bens em relação àqueles que, de perto ou de longe, nos interpelaram com as suas necessidades e os seus problemas?
- E em relação ao futuro, que investimentos estamos dispostos a fazer na linha da verdade e do amor, da tolerância e do perdão, da solidariedade e da justiça, para vencermos o nosso egoísmo, a nossa indiferença, o nosso comodismo e a nossa mediocridade?
- Fazemos algum projecto e estamos dispostos a cumpri-lo, para sermos cristãos e cidadãos mais conscientes e comprometidos na vida da Igreja e da sociedade, durante o ano de 2010?
O mundo não é melhor por falta de boas intenções,
belas palavras e promessas de sonho.
O que falta são as boas obras e o compromisso da vida!
  • Se queres que este novo ano seja realmente um ano novo e um tempo de paz, não fiques à espera que os outros façam tudo ou que dêem eles o primeiro passo. Pelo contrário, faz o que está ao teu alcance e é tua missão fazer, investindo nessa causa todos os talentos que recebeste de Deus. Se não fazes a tua parte, mesmo que a paz aconteça à tua volta, nunca chegarás a saboreá-la verdadeiramente.
  • Se sinceramente queres a paz, volta o teu coração e a tua mente para Deus, esvazia-te do teu egoísmo e abate o teu orgulho, renuncia à tua ambição e desiste da tua ganância, aceita a tua fragilidade e reconhece os teu erros, toma consciência de que precisas de Deus e de que só com Ele serás plenamente livre e feliz. Sem a conversão do homem a Deus não é possível a paz, não é possível experimentar e saborear a paz.

Se queres a paz, ama os teu inimigos, perdoa a quem te ofende, faz bem a quem te prejudica, abençoa quem diz mal de ti, reza por aqueles que te fazem sofrer, partilha com todos a tua vida, a riqueza do teu coração, ama como queres ser amado.

Sem amor não é possível obter e saborear a paz.

  • Se queres a paz, “não ambiciones grandezas nem coisas superiores a ti”; não procures subir na vida e chegar mais longe do que os outros, passando por cima deles, desvalorizando as suas qualidades e desprezando o seu valor; não exijas que os outros vivam em função de ti e subordinem os seus aos teus interesses. Pelo contrário, coloca-te ao seu serviço, consciente de que o mais importante aos olhos de Deus é o que serve mais e se faz servo de todos. Sem humildade e espírito de serviço não é possível conquistar e saborear a paz.
  • Se queres a paz, “tem fome e sede de justiça”; reparte o que tens com quem precisa e não te apropries daquilo que não te pertence; coloca-te do lado dos mais fracos e defende os seus direitos, começando por cumprir os teus deveres para com eles; luta pela justiça, começando por ser justo no que dizes e no que fazes bem como nas tuas relações familiares e sociais. Sem justiça não é possível alcançar e saborear a paz.
  • Se queres a paz, constrói a tua família sobre a rocha firme da palavra de Deus; vive com fidelidade e alegria o amor conjugal e ama os teus filhos mais do que a ti mesmo; educa os teus filhos na verdade e no amor de Deus e faz da tua casa uma escola de valores humanos e espirituais, consciente de que os teus filhos são também cidadãos do mundo; na procura da tua felicidade pessoal nunca comprometas nem sacrifiques o bem e a felicidade da tua família, sobretudo dos teus filhos. Sem a paz nas famílias não é possível atingir e saborear a paz.